Puramente pessoal...

Desabafos, pensamentos, idéias, pulgas e mais um pouco desta cabeça que não me deixa em paz.

Curioso?
Maíra
Atriz, diretora, oficineira, educadora, cantora... Pessoa.

quarta-feira, abril 21, 2010

Suspiro

Seguindo o raciocínio das mudanças, eu sempre corri muito, tive muitas atividades ao mesmo tempo. Começava em algo por gosto, aí por necessidade e quando aparecia o que eu queria, já estava bem lotada de horários, mas acabava pegando também. O resultado é que sempre tive pouco tempo livre. 
Quando meu pai adoeceu, eu estava a duas horas da minha viagem pra Cuiabá, entre o sétimo semestre da faculdade e o projeto de graduação, mais a bolsa de 20 horas e umas cinco peças em cartaz, uma após a outra. Quando ele faleceu, dois anos depois, eu havia pedido reingresso, cursava uma cadeira de 20 créditos, mais a bolsa, mais as peças... enfim. 
Em uma conversa com meu professor, comentei que estava ainda em choque com tudo o que tinha acontecido, e que estava começando a compreender a dimensão da falta que ele me fazia. Que quando consegui uma proposta legal de trabalho, a primeira pessoa pra quem pensei em ligar foi meu pai, e que já não dava mais. É nessas pequenas coisas do dia-a-dia que ficava mais concreto o tamanho da perda.
Meu professor me respondeu que muitas fichas ainda iam cair e que a gente acaba aceitando. Agora vai fazer dois anos que ele se foi. E as fichas continuam a cair. 
Semana passada encontrei o Finger, um grande amigo, que conheceu meu pai. Fiquei muito feliz de revê-lo, mas fiquei tão triste de me dar conta da falta de novo. Ontem, quando encontrei a Biju, foi a mesma coisa. E hoje a tristeza me pegou forte. Vai piorar até passar o meu aniversário e o da morte dele, que são próximos. E eu me pergunto: quem vai restar perto de mim. É difícil segurar a minha tristeza. Ela é um misto de revolta, mágoa e de amor que já não posso dar. Não tem direção. tenho medo de acabar sozinha, mais do que já ando.


Quando leio o texto de novo, é tão dramático, tanta lamentação... Mas acumulou tanta coisa que anda difícil segurar. Aqui pelo menos ninguém vai me agredir ou projetar suas próprias dificuldades. Aqui dá pra respirar...